O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é a segunda principal causa de morte na região de Presidente Prudente, superado apenas por causas externas. Dados do Datasus revelam que, entre 2022 e 2024, foram registradas 2.137 internações por IAM nos municípios que compõem o Departamento Regional de Saúde (DRS-11), resultando em 238 óbitos. Essa taxa de mortalidade hospitalar, de 11,14%, está bem acima da média do Estado de São Paulo (8,64%).
Para mudar esse cenário, uma nova ação formativa é lançada neste mês de agosto, focada na qualificação de médicos e enfermeiros que atuam na linha de frente do Sistema Único de Saúde (SUS).
O treinamento faz parte do projeto “ST360: Imersão e Simulação Clínica no Tratamento do IAM”, em parceria com a Faculdade de Medicina de Presidente Prudente (Famepp/Unoeste) e o Departamento Regional de Saúde (DRS-11), em Presidente Prudente.
A proposta é inédita na região: por meio de simulações realísticas de atendimentos de urgência no Laboratório de Habilidades e Simulação (Lhabsim) da Unoeste. Os profissionais são capacitados de forma prática e intensiva.
O objetivo é aprimorar o reconhecimento dos sinais de infarto e a correta aplicação da terapia trombolítica. Esse recurso, muitas vezes subutilizado, é vital para pacientes que não têm acesso imediato à angioplastia.
O médico cardiologista e professor na Famepp, Carlos Bosso, diz os benefícios da capacitação centralizada estão em realizar o curso em ambiente controlado, que possibilita garantir maior absorção e aplicação prática do conhecimento, ao contrário das capacitações descentralizadas que enfrentam baixa adesão dos profissionais-chave.
A coordenadora do Lhabsim, professora Milena Colonhese Camargo, comenta que a parceria com uma indústria farmacêutica proporciona impacto na saúde pública pela melhoria na aplicação do tratamento fibrinolítico que pode reduzir a mortalidade e complicações na região, elevando o padrão de atendimento cardiológico.
Única da região
Presidente Prudente é a única cidade do DRS-11 com estrutura para realizar angioplastia primária. Nos demais municípios, o caminho até o atendimento especializado costuma ser longo e, muitas vezes, inviável dentro do tempo ideal.
As diretrizes cardiológicas recomendam que a reperfusão (restauração do fluxo sanguíneo após um período de isquemia) ocorra em até 120 minutos após o início dos sintomas. Ou seja: cada minuto de atraso representa maior área de necrose do músculo cardíaco e aumento do risco de morte.
A primeira edição do treinamento ocorreu no início deste mês, com uma turma-piloto composta por profissionais da Santa Casa de Presidente Venceslau. Pela mesma parceria, outro treinamento está agendado para o dia 16 deste mesmo mês, no Lhabsim, com profissionais de saúde de Tupã, que faz parte do DRS-9.
Resposta local ao problema nacional
O Ministério da Saúde estima que ocorram de 300 mil a 400 mil casos de infarto anualmente no Brasil, com um óbito a cada 5 a 7 casos. Isso significa que cerca de 80 mil pessoas morrem por ano devido à doença. A Boehringer Ingelheim, com uma longa história no tratamento de doenças cardiovasculares, investe na qualificação profissional como ferramenta essencial para reduzir essas desigualdades.
“Nosso compromisso é com a saúde de todos, em todos os lugares. Levar capacitação prática baseada em evidências para regiões como a do DRS-11. O treinamento é um passo importante para tornar o cuidado mais equitativo, eficiente e seguro”, afirma a doutora Thais Melo.
Os impactos esperados incluem a redução do tempo de atendimento ao paciente com IAM, maior segurança no uso da trombólise e o fortalecimento da articulação entre as unidades de pronto atendimento e os centros de referência em cardiologia.