Estima-se que existam mais de 800 desreguladores endócrinos presentes no meio ambiente e em utensílios. São substâncias químicas capazes de alterar glândulas responsáveis pelas produções dos hormônios.
Estudo sobre a influência de tais desreguladores no microambiente e consequências futuras, com a utilização de ratos em modelo experimental, detecta gatilhos de disfunção renal na vida intrauterina, capazes de causar doenças crônicas na velhice.
A pesquisa envolveu ratas e ratos, cuja prole foi utilizada para análises histopatológica. esterológica e morfométrica; constatando alterações nos rins capazes de promover aumento de fibras colágeno e estimular a fibrose renal.
O médico autor do estudo, Dr. Pedro Meira Dolfini, explica que a fibrose renal é uma alteração comum em grande parte das doenças renais. Portanto, um indicador de disfunção renal; e quanto mais fibras de colágeno, mais fibrose.
Como durante a gestação as ratas foram expostas a substâncias químicas (menos as do grupo controle), daí a constatação de fonte de disfunção real ainda na vida intrauterina, pelas as análises em tecidos e células dos filhotes.
Foto: Homéro Ferreira/AI Unoeste
Importante contribuição científica
Durante recente defesa pública da dissertação, foram expostos como desreguladores endócrinos produtos químicos industriais; pesticidas e herbicidas; plásticos e aditivos plásticos; produtos de higiene pessoal e cosméticos; alimentos e embalagens.
São produtos que requer do usuário ou consumidor atenção às instruções de uso e de consumo, como são os casos das recomendações dos fabricantes no manuseio de pesticidas e de atenção ao acondicionamento de alimentos, especialmente em plásticos.
O orientador da pesquisa, professor Dr. Leonardo de Oliveira Mendes, afirma que o estudo representa importante contribuição científica ao avaliar se a exposição sofrida no ambiente poderá causar doenças crônicas durante o envelhecimento.
Feita a constatação, cria-se o alerta para a criação de políticas públicas voltadas a retirar compostos químicos que alterem funções no organismo, como ocorrem com os mais de 800 desreguladores endócrinos.
Teoria reconhecida pela OMS
O delineamento da pesquisa utilizou a Teoria Desenvolvimentista da Saúde e das Doenças (DOHaD) que se baseia em exposições ambientais que agem no início da vida e aumentam a susceptibilidade de doenças ao longo dela.
Teoria que agrega informações de diferentes áreas do conhecimento e é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), agência especializada nesse segmento e vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU) há mais de 75 anos.
Desenvolvida junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Unoeste, a pesquisa foi trabalhada dentro dos rigores científicos. A avaliação foi feita pelas professoras Dra. Renata Calciolari Rossi, na condição de membro interno pela Unoeste; e Dra. Débora Tavares de Resende e Silva, da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus de Chapecó/SC.
Egresso da Faculdade de Medicina de Presidente Prudente (Famepp/Unoeste) em 2016, o novo mestre tem atuação como médico gastroenterologista na Clínica São Camilo, especialista em cirurgia geral e cirurgia do aparelho digestivo.
Coordena o Programa de Residência Médica em Cirurgia Geral do Hospital Regional (HR) “Dr. Domingos Leonardo Cerávolo”; atua no HR e na Santa Casa; é membro da equipe de cirurgia oncológica do aparelho digestivo alto no Hospital de Esperança (HE). (Com Homéro Ferreira/AI Unoeste)