Um desenho de vários bichos, um avião no ar e o slogan “O Boeing da estrada”.
Fica difícil entender a mensagem estampada em outdoors espalhados pela Rodovia Raposo Tavares (SP-270), no oeste do Estado de São Paulo, chegando ao município de Regente Feijó. Não se trata de um zoológico ou um aeroporto, o anúncio faz propaganda de um posto de combustíveis, mas que também é um hotel, restaurante, conveniência, padaria, lanchonete e lojas de departamentos, de móveis, de roupas, de louças, de sapatos, de comida...
O empreendimento, que fica às margens da principal rodovia da região de Presidente Prudente, fazendo a ligação de São Paulo com o Estado do Mato Grosso do Sul, é de propriedade de Moacir Adelino Barbosa, de 65 anos, que sonha em transformar dois aviões em um hotel temático.
O “conglomerado” nasceu há dez anos e era para ser só um restaurante na beira da estrada, mas se transformou num ponto turístico com parada obrigatória de curiosos e visitantes que passam pela rodovia.
E a intensa movimentação no local – segundo o empresário, passam, em média, cerca de 3 mil pessoas por dia no posto – pode ser explicada pela excentricidade do negócio idealizado por Moacir, que diz “fazer tudo diferente dos outros”.
Ele contou que, no início, o movimento do restaurante estava fraco. Foi aí, então, que o empresário decidiu comprar uma réplica de uma girafa para atrair visitantes, feita com materiais recicláveis por um artista paranaense. O "animal" passou a atrair centenas de pessoas, que paravam os carros para tirar fotos.
O resultado deu tão certo que, de lá para cá, ele já comprou mais de 20 réplicas, que enfeitam a frente do restaurante e do posto, atraindo milhares de pessoas todos os dias.
Dá pra fazer uma selfie com o King Kong, entrar numa réplica de avião turboélice, posar ao lado de um helicóptero, ficar frente a frente com o Pica-Pau, o Mickey, um rinoceronte e vários touros e cavalos. Tem até uma imensa águia e um canguru.
Depois de alcançar o sucesso com os bichos enormes que chamam a atenção de quem passa pela Raposo Tavares, agora Moacir sonha alto, literalmente. Ele pretende abrir um hotel temático, com suítes sendo construídas dentro de dois Boeings 727-200. Um deles, vindo de São José dos Pinhais, no Paraná, já está na propriedade há cerca de 45 dias.
O avião chama a atenção de quem passa pela rodovia e gera curiosidade.
'Operação de guerra'
“Será que pousou ali?”, perguntou uma garotinha de 6 anos a sua mãe, que tirava fotos da filha em frente aos enormes animais dispostos no posto. Ela se referia ao avião no meio de um enorme terreno de terra.
A reportagem do G1 presenciou a cena na última terça-feira (11), quando esteve no posto para falar com o empresário.
Moacir conta que outro avião deve sair nesta semana, também de São José dos Pinhais, rumo a Regente Feijó. Algumas peças já estão no local.
O avião é desmontado no Paraná e remontado na propriedade, em Regente Feijó. Primeiro, vem o "corpo" da aeronave. As asas e as turbinas chegam separadamente.
“É uma ‘operação de guerra’”, diz Moacir.
No total, serão colocadas, lado a lado, três aeronaves. Duas vão virar hotel, com suítes. Uma terceira – um Boeing 727 – servirá para que as pessoas entrem e conheçam como é um avião por dentro.
Além dos quartos nos aviões, haverá ainda um hotel de alvenaria, que será interligado com as aeronaves.
Hoje, já existe um hotel anexado ao posto e ao restaurante.
Questionado pela reportagem do G1 se realmente o hotel vai sair do papel, o empresário responde: “É um sonho, né? Eu quero, eu pretendo, e vai sair, sim”.
Ele não revela o investimento feito até o momento, nem diz quanto vai gastar ao final de todas as obras.
A área que pode receber os aviões e o hotel está em fase de terraplanagem.
Agora, o empresário aguarda a chegada do outro avião para começar a fazer as reformas dentro das aeronaves e adaptá-las para receber os hóspedes.
Apaixonado por aviação, ele diz que o segredo do sucesso é ser diferente.
“Você tem que ser ousado. Fazer o negócio ‘virar’. Se não está dando gente, faça alguma coisa. Eu não desisto. Se as coisas estão ficando difíceis, vou encontrando novos caminhos”, ensina o empresário.
O hotel, que já começou a sair do papel, não tem data para ficar pronto.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou ao G1 que não existe uma regulamentação em relação a aviões que não são mais utilizados.
O empresário contou que assinou um documento se responsabilizando pelas peças. Ele mantém uma equipe de segurança vigiando a aeronave 24h por dia.
Ficha técnica
Boeing 727-200
Origem: Estados Unidos
Produzido: 1964-1969
Comprimento: 46,69m
Envergadura: 32,92m
Altura: 10,36m
Peso: 45 toneladas